segunda-feira, janeiro 23, 2006

O Zelador do Labirinto

Semana passada encontrei um livrinho de crônicas do Luís Fernando Veríssimo (juro que é dele*) e dei uma folheada.
Encontrei uma história ótima que, para não tirar a graça, comento após recontá-la. Ela é mais ou menos assim:

"Havia um homem cuja profissão era zelador de um labirinto. Sua função era percorrer o labirinto e verificar se não precisava de uma pintura aqui, ou um reboque acolá.
Todos os dias ele entrava pela manhã, fazia sua ronda, saía para almoçar (porque sua casa era logo ao lado) e voltava para o turno da tarde. E por anos a fio manteve essa rotina.
Eis que um dia, se depara com um grupo, estavam atordoados, perdidos, perguntando freneticamente onde era a saída. Ele parou e explicou: duas à direita, uma à esquerda, direita, direita, direita e esquerda.
E o grupo correu na direção recomendada.
No dia seguinte, encontrou novamente o grupo, com alguns tendo crises histéricas.
Abordaram novamente o zelador, querendo explicações mais detalhadas. Deram-lhe papel e lápis e pediram que desenhasse um mapa. E o encarregado do labirinto, indagado dessa forma, começou a pensar, onde era mesmo a saída.
Onde era a saída? Correu...
Esquerda, direita, esquerda novamente, direita, esquerda, esquerda...
E todo o grupo, em frenesi, no seu encalço.
Mas, onde era a saída mesmo?
...
Uma semana após o sumiço, arranjaram outro.
Requesitos básicos para o emprego: não saber ler nem escrever e, em hipótese alguma, deveria falar com estranhos."

Coloquei entre a história entre aspas apenas para mostrar o fim.
Espero não ter que explicar pra ninguém...
O comentário que eu ia fazer é que, às vezes, fazemos algumas coisas de forma tão automática que, se você parar para pensar, trava.

*Vivo recebendo e-mails de textos cuja assinatura é Luís Fernando Veríssimo, Arnaldo Jabor ou Jorge Luís Borges. Quando vou averiguar, o pobre coitado jamais escreveu isso.
A César, o que é de César.

2 comentários:

Anônimo disse...

Essa menina escrevendo ou mesmo reescrevendo contos é o máximo!!!

Unknown disse...

Poxa, eu queria esse conto para fazer uma leitura interpretada na sala de aula!