quarta-feira, setembro 28, 2005

A Formiga

Todos os dias, bem cedinho, a Formiga, produtiva e feliz, chegava ao escritório. Ali transcorria os seus dias, trabalhando e cantarolando uma velha canção de amor. Era produtiva e feliz, mas não era supervisionada, porque fazia seu trabalho.

O Marimbondo, gerente geral, considerou o fato absurdo e criou um cargo de supervisor, no qual colocaram uma Barata, que tinha muita experiência.

A primeira preocupação da Barata foi a de padronizar o horário de entrada e saída, além de preparar belíssimos relatórios. Bem depressa se fez necessária uma secretária para ajudar a preparar os relatórios e, portanto, empregaram uma aranhazinha, que organizou os
arquivos e se ocupou do telefone.

Enquanto isso, a formiga produtiva e feliz trabalhava e trabalhava.

O Marimbondo, gerente geral, estava encantado com os relatórios da Barata, e terminou por pedir também quadros comparativos e gráficos indicadores de gestão e análise das tendências. Foi, então, necessário empregar uma Mosca como ajudante do supervisor, e foi preciso um novo computador com impressora colorida.

Logo a Formiga produtiva e feliz parou de cantarolar as suas melodias e começou a lamentar-se de toda aquela burocracia de papéis.

O Marimbondo, gerente geral, concluiu, portanto, que era o momento de adotar medidas: criaram a posição de gestor da área onde a Formiga produtiva e feliz trabalhava.

O cargo foi dado a uma Cigarra, que mandou colocar carpete no seu escritório e comprar uma cadeira especial. Precisou também de um computador novo, e quando se tem mais do que um computador, a Internet se faz necessária.

A nova gestora logo precisou de um assistente (sua assistente na empresa anterior) para ajudá-la a preparar o plano estratégico e o orçamento para a área onde trabalhava a Formiga produtiva e feliz.

A Formiga já não cantarolava mais, e cada dia se tornava mais irascível..

"Precisaremos pagar para que seja feito um estudo sobre o ambiente de trabalho um dia desses", disse a Cigarra.

Mas um dia, o gerente geral - ao rever as cifras - se deu conta de que a unidade na qual a Formiga produtiva e feliz trabalhava não rendia mais. E assim contratou a Coruja, consultora prestigiada, para que fizesse um diagnóstico da situação.

A Coruja permaneceu três meses nos escritórios e emitiu um relatório brilhante com vários volumes e custo de "vários" milhões, que concluía:

"Há muita gente nesta empresa."

E assim, o gerente geral seguiu o conselho da consultora e demitiu a Formiga, por que andava muito desmotivada e aborrecida...

Um comentário:

Anônimo disse...

ameiiiiiii!
não só amei, como mandei pro meu gerente que está prestes a contratar mais uma pra equipe!